POPULAÇÃO: 184.236
ÁREA TERRITORIAL: 1.841
Km2
Ilhéus é a
cidade com o mais extenso litoral entre
os municípios baianos. É considerada
por seus moradores como a Capital
do Cacau,
Capital da Costa do Cacau
e a Princesinha do Sul.
A história
de Ilhéus remonta a época das Capitanias Hereditárias,
quando D. João III doou vasta extensão de terra ao
Donatário Jorge de Figueiredo Correia. Instalada em 1535
na Ilha de Tinharé, antigo domínio da Capitania de
Ilhéus, a sede administrativa logo se mudou para a
região da Foz do Rio Cachoeira, a chamada Baía de Ilhéus. O
donatário da Capitania preferiu o luxo e o fausto da corte,
enviando o destemido espanhol Francisco Romero para
enfrentar e depois pacificar a bravura dos índios
tupiniquins.
No início,
seu espaço territorial incluía até o estado de Goiás e a
área onde hoje está o Distrito Federal, a Capital da
República.
Logo, a
amizade dos colonizadores com os nativos tornou possível a
fundação cultural da Vila de São Jorge dos Ilhéus, que
se transformou em freguesia em 1556 por ordem de D. Pero
Fernandes Sardinha. Considerada por Tomé de Sousa como
"a melhor coisa desta costa, para fazenda" a região se
tornou produtora de cana-de-açúcar e ganhou muitas
construções. Mas, com a chegada dos ferozes índios Aimorés,
que passaram a atacar as plantações, Ilhéus sofreu o declínio
econômico que resultou em decadência. No século XVIII com a
importação de mudas de cacaueiros da Amazônia e sua
notável adaptação à condições climáticas da região,
Ilhéus viu brilhar diante de si um novo eldorado. O
cultivo do cacau passou a gerar um número sem fim de
histórias, receadas de cobiça, amores e lutas pelo
poder, formando um terreno fértil para os romances de Adonias Filho
e Jorge Amado, onde narram as paixões desenfreadas dos
coronéis por dinheiro, mulheres e terras.
A carta da
doação da Capitania de Ilhéus Jorge de Figueiredo Correia
foi assinada em Évora a 26 de junho de 1534. O donatário
mandou em seu lugar o preposto Francisco Romero, que
primeiro se instalou na ilha de Tinharé, onde fica o
Morro de São Paulo e depois, quando descobriram o que
seria mais tarde a Baía do Pontal, se encantaram e
fundaram a sede da capitania, dando o nome de São Jorge dos Ilhéus,
uma homenagem ao donatário Jorge e Ilhéus, devido à
quantidade de ilhas que encontraram.
Além das que
existem ainda hoje, como a Pedra de Ilhéus e a Ilha do
Frade, os morros de Pernambuco e o atual Outeiro de São
Sebastião também eram ilhas. Nos primeiros quinze anos o
progresso da vila era enorme e atraía todo tipo de
pessoa. Em 1556 a vila já possuía a igreja Matriz e
relativa produção de cana-de-açúcar. Jorge de Figueiredo
doou pedaços de terra que se chamavam sesmarias a diversas figuras
importantes do reino, e em 1537 doou uma sesmaria a Mem de
Sá, que seria o terceiro Governador Geral do Brasil,
localizada no que foi chamado Engenho de Sant Ana, e
onde hoje está localizado o povoado de Rio do Engenho.
Ainda restam vestígios deste engenho que foi explorado
pelos jesuítas e onde está localizada a capela de Nossa
Senhora de Sant Ana, considerada a terceira igreja mais antiga do
Brasil.
Depois da
deportação do colonizador Francisco Romero, a Vila foi
atacada por corsários franceses, enfrentando uma séria
crise econômica no Século XVII. A capitania foi a
leilão e arrematada por Dona Helena de Castro. Na
metade do século, um terrível ataque de holandeses
agravou ainda mais a crise na capitania. A vitória dos habitantes da
vila fez construir um templo religioso em um dos morros
da vila para Nossa Senhora da Vitória.
Em 1754 o
governo português acabou com o sistema de Capitanias
Hereditárias e as terras brasileiras voltaram para as
mãos do governo. Foi nessa época que iniciaram o plantio
do cacau. As primeiras sementes foram trazidas do Pará,
pois o cacau é planta nativa da região amazônica, pelo
francês Louis Frédéric Warneaux, e plantada na fazenda
Cubículo, às margens do rio Pardo, hoje município de
Canavieiras.
Naquela
época não se tinha conhecimento da importância do chocolate
na alimentação e só pensava-se em cultivar a
cana-de-açúcar, que era o que rendia muito. Foi somente
na século seguinte, nas primeiras décadas que os alemães
chegados à região e, 1821 começaram o plantio do cacau
como cultura rentável. Até 1890 foram os estrangeiros que
plantaram cacau. A partir desta data é que houve uma verdadeira
corrida para a ocupação das terras de mineração.
A Vila
iniciou um período de prosperidade, impulsionando o movimento
que reivindicava e elevação de Ilhéus à categoria de
Cidade. No dia 4 de junho de 1881, a Assembléia da
Província da Bahia aprovou, por unanimidade, projeto do
deputado-sacerdote Manoel Teodolindo Ferreira,
convertido em resolução no dia 28 de junho do mesmo ano.
A cidade foi instalada no dia 14 de agosto, quando era
presidente da Província o Marquês de Paranaguá. Na
época, Ilhéus tinha 6.700 habitantes, considerado um dos
mais importantes distritos eleitorais da
Bahia.
Em
1913a cidade foi transformada em bispado. O
governo brasileiro doava terras a quem quisesse plantar
cacau. Vieram sergipanos e pessoas fugidas da seca do
nordeste, do próprio estado e de todo lugar, Em dez anos a população
cresceu de uma forma explosiva, plantava-se cacau em
abundância, vieram pessoas buscando o eldorado e a
região mudou seu aspecto.
Nesta época
começaram a construir belos edifícios públicos como o
Palácio do Paranaguá que abriga até hoje a Prefeitura e
a sede da Associação Comercial de Ilhéus; belas casas,
como a do "coronel" Misael Tavares onde hoje funciona o
Palácio Maçônico da Loja Regeneração Sul Baiana e a da
família Berbet de Castro, uma cópia do Palácio do Catete no
Rio de Janeiro e muitos outros belos prédios.
Na década de
vinte deste século, Ilhéus fervilhava de pessoas, de
dinheiro, de luxo e riqueza. Foi construído o prédio do
Ilhéos Hotel (a grafia antiga), o primeiro com elevador
no interior do Nordeste, uma obra ainda hoje imponente,
e o Teatro Municipal que esteve em ruínas, mas que foi
reformado e é considerado um dos mais bem aparelhados do
interior do Nordeste e fora das capitais.
Ilhéus
sempre primou pelo bom gosto e pelo requinte, sempre teve
muita ligação com a Capital Federal, o Rio de Janeiro
(enquanto capital do país) e também com a Europa. Em
1921, quando inaugurou, sua casa, o "coronel" Misael
Tavares ofereceu um banquete e o cardápio do jantar
estava escrito em francês. Era comum as famílias possuírem pianos,
muitas vezes até de cauda em suas casas e até fazendas.
Vinham da Europa nos navios.
A exportação
de cacau era um problema, pois era feita pelo porto de
Salvador. Havia muita dificuldade no embarque e perda de
qualidade e de peso. Em 1924, os cacauicultores
iniciaram a construção do porto de Ilhéus com recursos
próprios, e a exportação do cacau começou a ser feita
diretamente na cidade, trazendo com isso a presença de estrangeiros
e um intercâmbio cultural com países da Europa. Nesta
época vinham dançarinas, mágicos, e também aventureiros
para divertir as pessoas que possuíam
dinheiro.
Havia
cabarés, clubes noturnos, cassinos. A cidade era movimentada e
é esta época narrada por Jorge Amado em seus romances.
Uma época de muito dinheiro e de muito luxo.
O grande
fluxo financeiro originado pela produção e exportação de
cacau deu origem a peculiaridades no desenvolvimento da
Região da Costa do Cacau, região geoestratégica da
Bahia.O desenvolvimento da produção e a busca por melhor
qualidade nesta commodity, levaram as lideranças
regionais e os produtores a criar a CEPLAC, Comissão
Executiva de Desenvolvimento e Preservação da Lavoura Cacaueira.
Hoje um órgão do Ministério da Agricultura, com importante
centro de pesquisa, o CEPEC. A demanda regional por
educação superior, buscada nas década de 40 e 50 em
Salvador, principalmente pelos filhos de coronéis do
cacau, gerou o anseio pela implantação de faculdades e
instituições de ensino superior na região. A UESC, Universidade
Estadual de Santa Cruz, é fruto desta demanda, e hoje
torna-se referência nordestina em formação profissional
de nível superior, e firma-se como importante
instituição de produção científica no nordeste, sendo a
segunda da Bahia, somente superada pela UFBA.
A cidade de
São Jorge dos Ilhéus fica situada em local privilegiado.
Recortada por muita água, sua chegada por avião é muito
bonita e emocionante. O centro da cidade fica localizado
numa ilha artificial formada pelos rios Almada,
Cachoeira e Fundão e ainda pelos canais Jacaré e Itaípe,
este último construído no final do século antepassado pelo
engenheiro naval François Gaston Lavigne, oficial do exército de
Napoleão. Este canal foi construído para facilitar a
passagem das canoas que traziam cacau da região do rio
Almada para o embarque no porto. Compondo a área de
preservação ambiental da bacia hidrográfica deste rio, a
Lagoa Encantada possui beleza natural impar, elevado
nível de preservação ambiental, lindos passeios de
barco, com cachoeiras e contato com a natureza.
A partir do
meado da década de oitenta a monocultura cacaueira sofreu
um rude golpe na sua característica principal que era a
de gerar muita riqueza. A seca constante provocada pelo
fenômeno El Niño, os baixos preços internacionais e por
último a praga denominada vassoura-de-bruxa, fizeram da
cacauicultura uma atividade menos rentável. Se para uns
isto representou tristeza e angústia, para a região
permitiu que se pensasse em outras atividades rentáveis. Foi
então que Ilhéus renasceu, desta vez para o turismo. A
implantação de projetos industriais e o surgimento do
pólo de informática têm sido também alternativas de
desenvolvimento.
O Século XX
foi marcado pelo apogeu da lavoura de cacau, atraindo
para Ilhéus personalidades importantes do País e do
Exterior. Essa fase da história é retratada na
literatura do escritor Jorge Amado, testemunha de todo o
progresso de Ilhéus na primeira metade do
século.
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